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Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca.” Este versículo bíblico (Am 5:24) serve de base para a reflexão sobre a Campanha da Fraternidade, este ano ecumênica, que traz como título: CASA COMUM, NOSSA RESPONSABILIDADE.

A casa comum a que se refere a campanha é, nada mais e nada menos, que a casa que habitamos: o planeta Terra. É nele que encontramos a fonte de toda a energia que sustenta a nossa vida, a exemplo do ar que respiramos e do alimento que colhemos da terra. Esta casa é comum porque nela habitamos todos nós, eu, você e toda a população espalhada pelo mundo. Se todos concebêssemos o planeta como nossa casa,  acredito que outro seria o cenário diante das janelas, representadas pelos nossos olhos. Refiro-me à poluição do ar, das águas, da natureza como um todo. Afinal, em casa jogamos o lixo no lugar certo, respeitamos o direito do outro, e, assim, no seu interior nos sentimos protegidos.

Ocorre que o espaço fora da nossa moradia também é nossa casa. Refiro-me às ruas do nosso bairro, às praças com seus jardins, mas refiro-me também aos rios e mares, às geleiras e vulcões, aos alpes e às montanhas, estejam onde estiverem. Tudo isso, absolutamente tudo, compõe a nossa casa. Por isso, tudo isso está sob nossa responsabilidade. Como cidadãos, primeiramente, pois habitamos esta casa planetária, sendo nosso dever dela cuidar e proteger. Esta responsabilidade se potencializa ainda mais em relação às nossas autoridades, pessoas que assumiram o dever de respeitar o interesse social em prol do bem comum e, todos sabemos, não há bem comum maior que a garantia de uma vida saudável, equilibrada e sustentável ambientalmente.

Tenho para mim que todos estamos deixando a desejar. Sinto isso sempre que vejo pessoas sofrendo por doenças provocadas pela falta de saneamento básico ou pelos efeitos de tragédias naturais, não raras vezes provocadas pela negligência e agravadas pela ganância do homem. Sinto isso também quando vejo o consumismo crescer desenfreadamente, ao mesmo tempo em que a maior necessidade humana é de atenção e afeto, ou então, quando vejo as pessoas trabalharem exaustivamente para conquistar mais riquezas, as quais são gastam depois para recuperar a saúde, quando possível.

É preciso que tenhamos consciência da importância de um estilo de vida equilibrado e sustentável para que, então, saiamos da inércia e assumamos, juntos, a responsabilidade pela mudança necessária, a qual deve começar pela nossa própria cultura, o que somente será possível quando rompermos as barreiras dos muros que nos separam em relação ao outro. Quando isso ocorrer, o vizinho deixará de ser “o outro” e passará a ser respeitado e exigido como morador deste mesmo lar chamado Terra. Somente assim conseguiremos, um dia, realmente ver o direito brotar como fonte e correr, no fluxo e impulso da justiça, como se fosse um riacho incapaz de secar. Que assim seja!

Programa exibido em 25 de março de 2016.

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