#12 – Enchente

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O povo blumenauense tem convivido com uma preocupação recorrente, um pesadelo que vai e volta: o risco de enchentes.

Este fato tem acompanhado e marcado nossa história. Ao tempo em que se traduz num problema, tem proporcionado muitos aprendizados e conferido ao nosso povo a identidade própria da sua força e coragem. Estes difíceis capítulos de nossas vidas proporcionaram, também, muitas lições, de todo preciosas, dentre as quais destaco três:

A primeira. Mantenhamo-nos permanentemente alertas. Identificar o problema o quanto antes proporciona melhores condições para o seu enfrentamento. Para isso, precisamos nos inteirar e, mais que isso, nos apropriar da realidade. Negá-la nunca transformou e nem transformará nada.

A segunda. Aprendamos com e a partir das experiências já vividas. Elas constituem importante bagagem (repleta de ensinamentos) para que saibamos administrar os problemas de ontem, agora com maior habilidade. Podemos afirmar isso em relação ao risco de deslizamentos, à escassez de água, à obstrução do trânsito, entre tantos outros desafios já enfrentados

A terceira. Pratiquemos a solidariedade, mesmo ou principalmente nos momentos que nos parecem difíceis. Sempre há alguém passando por um desafio ainda mais difícil que o nosso. Temos, de regra, muito mais do que precisamos para viver dignamente. E não é o que temos a mais que nos proporciona felicidade; mas ela seguramente nasce, no mínimo, em dois corações quando ajudamos ao próximo.

Estas lições podem ser aplicadas a nossa vida, como um todo, independentemente de tal fato da natureza. Os problemas nos acompanham durante a vida e, de certa forma, acabam por dar-lhe sentido e significado. Poderíamos não estar falando sobre enchente, mas sim sobre uma situação de desemprego, de crise, de doença, entre tantas outras.

Isso é tudo? Certamente não. Muito ainda temos a aprender. Três aprendizados poderiam ser citados:

O primeiro. Se o problema persiste, precisamos ampliar o horizonte das causas analisadas e, quem sabe, até mesmo mudar o ângulo com que o observamos. Refiro-me, evidentemente, ao que pode ser mudado, pois este é um discernimento importante.

O segundo. O bom senso é o grande “divisor de águas” entre o necessário e o excesso. Cautela exagerada não faz bem. Por exemplo, a compra de muitos produtos (como alimentos) poderá prejudicar aquele que, com isso, não o encontrará disponível. A curiosidade exagerada também não faz bem, pois a circulação desnecessária pelas ruas dificulta o trânsito, inclusive daquele que pode estar com pressa tentando salvar uma vida.

O terceiro aprendizado (porém não o último). A única vantagem permitida nesta hora deve ser aquela proporcionada ao próximo pela sua solidariedade. Eventual crime contra a economia popular ultrapassaria, a meu ver, o limite da ilegalidade para afetar a própria moralidade (e esta conta é bem mais cara). Não esqueçamos que a enchente passará e virá o dia seguinte, cuja história será escrita pelo mesmo cliente/consumidor de hoje.

Programa exibido em 23 de outubro de 2015

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