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Mais do que a simples qualidade de cidadão, a cidadania representa a condição da pessoa que, como membro de um Estado, se acha no gozo dos direitos que lhe permitem participar da vida política da sociedade. Foi isso que ouvimos nos bancos escolares, não foi? A pergunta que faço é: O que temos feito com isso? A minha percepção é de que temos feito muito menos do que deveríamos.

A verdade é que a mera possibilidade de gozar os direitos não expressa, na essência, o sentido de cidadania. Isso porque seu significado abriga vida própria, ou seja, não tem sentido sem que se assegure o efetivo exercício dos direitos. É como pensar que justiça e processo sejam a mesma coisa. Ou, noutro ângulo da vida, casamento e amor. Aprendizado e nota. Missão profissional e emprego.

Por isso, a importância de debater o assunto. Debater pressupõe postura ativa, de um partícipe, muito mais que simples espectador. Ao ligarmos a televisão ou o rádio, assistimos os programas exibidos. E quando desligamos, continuamos agindo assim? Assistindo a vida? Espero, sinceramente, que não.

Bem, como vimos, saber os direitos não é suficiente. Precisamos saber como fazer para exercê-los. Este passo exige um pouco mais do nosso interesse. Exige também que saiamos da zona de conforto, marcada em alguns casos até mesmo por certa dose de alienação, às vezes inconsciente.

Fico feliz em revelar que, a meu ver, o grande segredo para a consagração da cidadania está na conscientização acerca do motivo pelo qual as coisas acontecem e também no constante questionamento sobre nossa postura. Sim, queiramos ou não, sempre assumimos uma postura que pode ser de ação ou de omissão. O grande segredo, como se percebe, está no porque. Por que a corrupção chegou ao nível que testemunhamos hoje. Por que o política não tem atraído o interesse do cidadão. Por que consumimos tanto? Por que a sensação de insegurança assumiu proporções tão expressivas. Por que vivemos este quadro no sistema de transporte coletivo? Por que? Por que?

Coincidências à parte, pois acredito que elas não existem, os “porquês” habitavam nossa infância. Depois, foram desaparecendo na medida em que essa tal maturidade se aproximava. Dizem que isso aconteceu porque, com o passar dos anos, fomos perdendo nossa capacidade de indignação (justamente ela que é o combustível da cidadania). E você, o que acha? Não deveria ser diferente? A propósito, você ainda tem se indignado ou acha que as coisas são assim mesmo e que o problema não é seu?

Programa exibido em 07 de agosto de 2015

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