O SABER COMO UM TERRITÓRIO ALÉM DO MAPA[1]
Quitéria Tamanini Vieira Péres[2]
O presente ensaio abordará algumas reflexões desenvolvidas numa disciplina cuja primeira lição desconstruiu aquilo que a acadêmica achava que tinha ido buscar: saber como aprender mais e melhor. Foi o que concluiu ao ouvir o professor dizer que isso era tudo o que não ensinaria. Inquieta por descobrir o que, então, iria aprender, surpreendeu-se com a grande lição: a educação é nada mais que um processo que se confunde com o caminhar, porquanto dinâmico, porém seu alcance se potencializa quando largamos o mapa para explorar as possibilidades, dentre as quais muitas antes não eram conhecidas, talvez sequer imaginadas. Aprender significa permitir que, no seu tempo e ao seu modo, o novo ocupe seu lugar. Um lugar que normalmente não é guiado por trilhas, nem placas, mas pela curiosidade e intuição, motivadas pelo desejo de chegar. Justamente, por isso, não raramente o novo passa desapercebido aos que se guiam pelos manuais e se contentam com a repetição de saberes já lapidados, confundindo o mapa com o território, o livro com a história, a biografia com o homem, o calendário com o tempo. Concluída a disciplina, restou não respondida a pergunta: se é que realmente há algo além do horizonte, o que é, hein?
(Não há palavras-chaves, dada a perspectiva de que o encontro seja o resultado natural da busca espontânea.)
Numa manhã de sexta-feira, subi as escadas rapidamente para chegar a tempo na sala de aula (tomando o cuidado de não cair, tal como aconteceu recentemente). Consegui. Sentei-me numa carteira mais afastada na expectativa de observar, calma e silenciosamente como seria aquela aula. Afinal, eu havia me inscrito naquela disciplina (Psicologia da Aprendizagem I) com uma expectativa enorme: aprender como aprender mais e melhor, imaginando que seriam explicadas técnicas de aprendizagem, noções de neurociência, entre outras noções próprias de um contexto em que achamos saber pouco do saber constituído, sendo necessário muito mais, resquícios da noção de insuficiência que conhecemos no contexto escolar. (… o teor completo consta no documento anexo)
[1] Atividade realizada na disciplina Psicologia da Aprendizagem I, ministrada no Curso de Psicologia pelo Prof. Renan de Vita Alves de Brito, na Universidade Regional de Blumenau – FURB.
[2] Alguém que, após trilhar por mais de 20 anos os meandros do Sistema de Justiça, acumulou inquietações sobre a condição humana, sobretudo quando analisada a partir do gerenciamento das situações conflituosas e que, não mais suportando tal ruído na clausura silenciosa e solitária de um gabinete judicial, assumiu o desafio de buscar, no universo acadêmico da Psicologia, uma compreensão mais ampla que aquela delimitada pelas leis e saberes já estabelecidos.
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