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Todos concordamos que mais que saber, é preciso saber fazer. Todavia, a verdade é que somente saber fazer não é suficiente, pois o resultado esperado, de regra, não acontece por acaso. Mágicas não existem no campo do sucesso. Por isso, o propósito de cada um precisa ser perseguido com muito esforço e determinação. Então, mais que saber fazer, é preciso também fazer.

Pois bem. Faço desta reflexão o ponto de partida para uma provocação importante, extraída a partir da preocupação que nos assalta quando a notícia diz respeito à educação em nosso país: o que temos feito por nossa pátria (essa mesma que sonhamos seja educadora)? Pelo menos a nossa parte, como pais, temos feito?

Como percebem, não estou fazendo esta pergunta aos  professores, catedráticos, nem aos membros da cúpula da Secretaria ou do Ministério da Educação. Se fosse, eu falaria sobre a melhoria da remuneração dos professores e sua capacitação com novos saberes e formas de incentivá-los. Falaria também sobre os necessários investimentos na parte estrutural de nossas escolas públicas (especialmente naquela sala que exibe na porta o sagrado nome “Biblioteca”), mas, sobretudo, falaria sobre a facilitação do acesso ao ensino. Afinal, sem que se assegure o acesso ao conhecimento, todo o resto se torna letra morta, como se fosse um conto que, seguramente, não é de fadas.

Esta pergunta faço a você que é o primeiro educador do seu filho. Sim, falo com você que é pai, você que é mãe, que integra a comunidade onde fica a escola em que seu filho estuda. Eu disse primeiro educador porque foi você que ensinou ao seu filho as primeiras lições sobre caráter, gentileza e solidariedade. Mesmo sem perceber, você continua ensinando com seu exemplo. Ele vale mais que qualquer outra lição. Por isso, cuidado quando pensa estar incentivando a leitura simplesmente o mandando ler. Prefira ler também. Aliás, leiam juntos.  Ah, que tal praticar a língua portuguesa redigindo à mão pequenos recados; ou então exercitar a matemática nas inúmeras situações problemáticas do cotidiano que exigem soluções aritméticas, a exemplo das compras feitas no supermercado ou até mesmo, por que não, do compartilhamento do orçamento doméstico. Não há maneira melhor de aprender sobre finanças.

É bem verdade que se alguém perguntasse o que, sendo apenas pai ou mãe, tem a ver com os problemas na área da educação, eu poderia citar o art. 205 da Constituição Federal, segundo o qual “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Porém, como mãe e cidadã que sou, prefiro responder lembrando que nós, pais e filhos, somos companheiros de uma viagem chamada vida, cuja história se escreve durante o percurso, de estação em estação, mesmo porque não sabemos quando desembarcaremos.

Proponho que unamos a lei dos homens à lei da vida para praticar em nossos lares um dos princípios que, segundo a Constituição Federal, serve de base para o ensino, a saber: “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber.” (CF, art. 206, inc. II).

Programa exibido em 14 de agosto de 2015

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