#39 – Somos todos juízes

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Veja que curioso: sempre que falamos em cidadania, abordamos temas que, direta ou diretamente, nos envolvem e que, de regra, podem encontrar na nossa atitude o grande diferencial, sobretudo para promover as mudanças consideradas necessárias.

Com isso, percebemos que, no fundo, todos somos juízes, pois desde pequenos fomos preparados para a tarefa de decidir. Assim é quando, ainda crianças, precisávamos escolher entre o certo e o errado na hora de agir, seja em casa, na escola ou mesmo numa brincadeira entre amigos. Mesmo sem querer, estávamos exercendo o discernimento a partir dos parâmetros de conduta ensinados pelos nossos pais, os quais foram moldando, com o tempo, nosso caráter. Algumas delas são por todos conhecidas, pois repetimos aos nossos filhos: fale a verdade; não prejudique ninguém; não queira, nem aceite, o que não é seu por direito; ajude sempre que estiver ao seu alcance. Todas estas regras de conduta encontram na legislação o respectivo respaldo

Crescemos e continuamos sendo chamados a decidir o tempo todo. Inclusive quando há algum conflito, decidimos sobre a perspectiva com que vislumbramos nosso interesse então ameaçado e sobre a postura que adotaremos. Isso se repete quando decidimos entre a eventual resolução amigável (acordo) ou o ajuizamento de uma demanda judicial. Já instaurado o processo, somos convidados a dialogar com a parte contrária de modo a tentar lapidar uma solução amigável. É o que ocorre, numa sala de audiências, quando o conciliador ou o juiz nos indaga sobre a possibilidade de acordo. Ou seja, o cidadão é o titular dos direitos e o próprio interlocutor dos seus interesses, daí porque está investido de grande poder que, se empregado com as melhores virtudes humanas, certamente muito contribuirá para que consigamos fazer deste um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias. Este não é apenas um desejo meu. É o compromisso assumido pela Constituição Federal em seu preâmbulo.

Como se percebe, o momento não poderia ser mais propício para o lançamento desta campanha, promovida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), sob o título SOMOS TODOS JUÍZES, por meio da qual propõe uma reflexão sobre o que é ser juiz, seja nos tribunais, seja no dia a dia da vida em sociedade, mostrando para toda a população os desafios para a tomada de grandes e pequenas decisões, não apenas sob a ótica de um juiz, mas também como cidadãos que somos, frente às escolhas que precisamos fazer. Aliás, queiramos ou não, percebamos ou não, fazemos escolhas a todo o tempo, ou seja, decidimos. Até mesmo a ausência de escolhas surte efeitos, portanto, inegavelmente, é uma decisão. Ocupe seu espaço no campo das decisões de sua vida e, valendo-se das leis promulgadas e das leis aprendidas pela experiência da vida, faça as melhores e mais conscientes escolhas.

Programa exibido em 13 de maio de 2016.

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