#29 – Dia da Mulher

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Aproxima-se a data em que nós, mulheres, vemos um cenário um tanto diferente. Um cenário em que a mulher é cumprimentada por sua força, sua garra e determinação. Também por sua sensibilidade. Não raras vezes, flores são entregues para simbolizar tal admiração e respeito.

Todavia, sabemos que o dia da mulher é todo dia. Afinal, todos os dias, a mulher dedica sua melhor energia aos cuidados com a família e com o próximo, sem olvidar os desafios profissionais que a jornada de trabalho igualmente lhe impõe.

Sim, eu disse igualmente, porque não é comum haver gestos de tolerância em prol da mulher por conta de sua condição de mãe ou de esposa; a recíproca também nem sempre acontece nos lares, onde a exigência quanto aos afazeres domésticos não é compensada pela cumulação de tal jornada com a profissional. Muito ao contrário, a mulher normalmente é desafiada, ainda que silenciosamente, a demonstrar sua capacidade.

Podemos, com isso, perceber que a transição não acabou. Estamos no meio do processo de verdadeira mudança de cultura em prol do afastamento da desigualdade de gênero. Homem ou mulher, não importa, ambos devem ser respeitados em seus direitos e exigidos em suas obrigações, o que pressupõe, por obvio, garantia de oportunidades.

As oportunidades são como as chaves que abrem portas em direção ao caminho do estudo, do aperfeiçoamento e capacitação, do emprego e salário digno, da valorização como cidadã e profissional, mas principalmente como ser humano (palavra que, por si só, afasta qualquer discriminação, inclusive quanto ao gênero).

Sabemos que a ideia de criar o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, surgiu nos primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, a partir de um contexto de lutas femininas por melhores condições de trabalho e pelo direito ao exercício do voto.

No entanto, o desrespeito aos direitos da mulher ainda persiste, e não diz respeito apenas à desigualdade no mercado de trabalho, chega mesmo a atingir sua dignidade. Me refiro à violência ainda exercida contra as mulheres, o que já foi reconhecido pela ONU como um grave problema de saúde pública.

Nem preciso falar na Lei Maria da Penha que pela sociedade já é conhecida. Todavia, mais que conhece-la, é preciso fazer cumprir seu objetivo que é proteger a mulher contra a violência  doméstica e familiar, em todas as suas formas, seja física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. Com a lei, medidas importantes foram determinadas, como a regra de que a mulher somente poderá renunciar à denúncia perante o juiz; a proibição das penas pecuniárias (pagamento de multas ou cestas básicas), a possibilidade dada ao juiz de decretar a prisão preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica da mulher. Vale lembrar que o agressor pode ser preso em flagrante sempre que houver qualquer das formas de violência doméstica contra a mulher, e, chegando o processo ao juiz (o que se dá imediatamente, em regime de plantão), este pode conceder diversas medidas protetivas de urgência para a mulher em situação de violência (como o afastamento do agressor do lar, distanciamento da vítima, dentre outras), além de decretar a prisão preventiva do agressor.

Mas, hoje, não quero mais falar em desrespeito, agressão ou violência, seja de que ordem for. Quero falar do amor que emoldura a janela pela qual a mulher olha o mundo. Talvez por isso ela veja esperança. Talvez por isso ela haja com tanta sensibilidade. Talvez por isso ela acredite que todo dia (e não somente em 08 de março) é dia de amar e respeitar o próximo, seja ele quem for.

Programa exibido em 04 de março de 2016

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